segunda-feira, 1 de novembro de 2010

“História e Filosofia da Linguística – Uma entrevista com José Borges Neto”



   - Saussurianismo


 

Ferdinand de Saussure inscreve-se num paradigma distinto, operando um corte epistemológico nos estudos da linguagem, e rompendo, dentre outras coisas, com os estudos gramaticais do século 19, num outro contexto científico.

Os comparatistas, como se pôde notar, analisavam os elementos lingüísticos isoladamente, enquanto o mestre genebrino, passa a considerá-los enquanto termos constituintes de um sistema (elementos em relação).

Nesse sentido, vê se que Saussure não se preocupava com a função, mas sim com o funcionamento, os deslocamentos.

O Saussure – DO CLG – deixa de fora questões relativas a Parole, ao sujeito, e a história. Tal decisão não pode ser atribuída a uma ingenuidade, uma vez que tinha profundo conhecimento do objeto pelo qual se propôs a estudar. Pode-se dizer que o mestre opta/escolhe estudar determinado objeto, em determinadas formas. Assim, as grandes opções/escolhas saussurianas foram:

Langue ( X ) Parole ( )

Diacronia ( ) Sincronia ( X )


Outras dicotomias: Sintagma VS Paradigma
  
                             Significado VS Significante.


Outros conceitos: “signo linguístico “, “linearidade do signo linguístico”, “mutabilidade e imutabilidade do signo linguístico”, “arbitrariedade do signo linguístico”, “valor”, dentre outros.


O século XIX incorpora as idéias calcadas no racionalismo da Gramática de Port-Royal e inaugura o estudo das línguas vivas na comparação com outras línguas. Tal movimento (histórico-comparativo) dá origem ao método histórico das gramáticas comparadas e à lingüística histórica.

Assim, esta última ramifica-se em duas outras escolas:

- O comparatismo: Os comparatistas defendiam a possibilidade de existência de uma língua-mãe que tivesse dado origem a todas as outras. Por meio de comparações entre determinados elementos da língua Sânscrito e os elementos do latim e do grego, traçavam algumas semelhanças entre eles, construindo a hipótese de terem uma mesma origem.

Acreditava-se na língua como um organismo vivo, o qual nasce, cresce e morre.

Para os comparatistas a língua era um “fim”, não era um meio, mas a expressão do próprio ser humano. A língua daria a possibilidade de existência do indivíduo.

O trabalho dos comparatistas consistia em procurar semelhanças entre as línguas. Exemplo: Noite (português) – Nacht (Alemão) – Notte (Italiano) – Night (Inglês). ---- Comparação entre elementos gramaticais.


- Neogramáticos: Os neogramáticos procuravam dar explicações históricas para o fato da língua se transformar com o tempo.

Tais estudos defendem, sobretudo, o caráter transformacional da linguagem.

Para os neogramáticos, as mudanças da língua não têm a ver com o fato de ser um instrumento de comunicação, mas sim com elementos de ordem interna a ela.

Com a influência do positivismo, toma-se como pressuposto que tais mudanças devem ser explicadas cientificamente e de forma “positiva”, isto é, as explicações têm de ser objetivas.

Defende-se que não há outra explicação para as transformações da língua senão a histórica.

Escolas

Gramáticas Gerais


- Gramática de Port Royal (Século 17)

A gramática de Port Royal foi uma tentativa de sistematizar a linguagem, visto que os estudos anteriores não apresentaram, de fato, uma sistematização do estudo da lingua(gem).

Reafirma-se, neste momento, a relação entre Linguagem e Pensamento sob princípios lógicos. Em sua apresentação encontra-se a seguinte afirmação: “A gramática é a arte de falar. Falar é explicar seus pensamentos por meio de signos que os homens inventaram para este fim”.

Verifica-se que para explicar o pensamento e a linguagem, os autores de tal gramática recorriam aos princípios lógicos e a partir daí estabeleciam que o pensamento obedece a três operações: conceber, julgar e raciocinar. Como se a linguagem fosse a expressão/ o reflexo do pensamento.

Além disso, atestavam que a utilização da língua era responsável pelas suas transformações, e portanto a unicidade da língua deveria ser alcançada/mantida.

Contudo, estes conceitos foram discutidos/reavaliados por outros estudos posteriores.

A Epistemologia da Linguística abarca aspectos como: Ontologia, Fundamentos e Metodologia.

A ontologia aborda questões que afetam a natureza da linguagem. Tenta compreender a natureza de seu objeto. Pode-se citar, como exemplo, os estudos que se debruçavam em questões concernentes à possível existência de uma “língua mãe”, que teria dado origem a todas as outras línguas.

Os Fundamentos são categorias que sustentam as ciências da linguagem, tendo como base duas teorias: A hipótese externalista (Ex. defende a idéia de que o Português brasileiro originou-se do Português Europeu, modificando-se pela miscigenação com outras línguas) e a hipótese internalista (Ex. sustenta o fato de que o Português brasileiro surge da miscigenação das línguias que existiam. Assim, o português teria se originado de um processo antropofágico).


A metodologia diz respeito aos seguintes métodos: ESTRUTURALISMO, GERATIVISMO, FUNCIONALISMO E MATERIALISMO HISTÓRICO. (Como conciliar dados de naturezas distintas).

Em breve, debruçar-nos-emos nos estudos destas quatro grandes correntes lingüísticas ...

Métodos de Estudo da Linguagem:

               

Pode-se dizer que há três métodos de estudo da linguagem:

Método Indutivo (Francis Bacon)

Faz generalizações a partir de uma observação empírica, isto é, parte sempre de fatos específicos, particularizados e observáveis para se chegar a uma conclusão geral. A lingüística aplicada, o estruturalismo americano, dentre outros, utilizam tal método.



Método Dedutivo (Galileu Galilei)

É um método que parte do geral para o particular. Assim, o pesquisador não precisa da observação para formular uma hipótese. Faz o caminho inverso do método indutivo.

Ex: “Todas as línguas têm vogais e consoantes” ( O pesquisador delineia uma hipótese, e depois vai a campo testa-la e coletar dados)


Método Abdutivo:

A partir de uma pista, formula-se uma hipótese mais geral.
Geolinguística: Denomina-se geolinguística o estudo das variações lingüísticas, o qual leva em consideração os aspectos social e espacial dos falantes. Assim, constituí-se por um campo interdisciplinar, em que se unem a lingüística e a geografia.
Os principais conceitos que sustentam tal estudo são: Idioleto, Dialeto, Língua Nacional, Jargão, Multilinguísmo, dentre outros.


Sociolinguística: A sociolinguística volta-se para a questão social, observando as relações que se estabelecem entre as variantes lingüísticas e o contexto imediato dos usuários, como por exemplo:  classe social, sexo, idade, etc. Desse modo, a tarefa do sociolinguísta é estabelecer a correlação entre fatos de linguagem e fatos sociais.
Convém lembrar que um dos precursores desta sociolingüística variacionista é o norte-americano Willian Labov, visto que foi ele quem insistiu mais fortemente nos estudos da língua relacionando-a com a sociedade.


Psicolinguística: A psicolingüística, por sua vez, ocupa-se em descrever e compreender os processos psicológicos de produção da linguagem (aquisição da linguagem, processamento da informação pelo cérebro, etc.)


Retórica: A Retórica, no início de seus estudos, era considerada como uma técnica que deve permitir a quem a possua, dentro de uma situação discursiva, o alvo desejado, tendo, dessa forma, um caráter pragmático. Tais estudos fundamentam-se no conhecimento das propriedades do discurso, a fim de tornar o discurso mais eficaz/eloqüente.
Com o passar do tempo, a retórica sofre algumas transformações, perdendo seu foco pragmático e intenção de persuasão e passa a ensinar a construção de um “belo” discurso.


Estilística: Num primeiro momento, a estilística estudava os meios de expressão dos conteúdos afetivos da língua, de modo que um fato de estilo era tido como uma ocorrência lingüística que produzia certo efeito no leitor. Charles Bally se insere nesta concepção, partindo da idéia de que a linguagem é a expressão do pensamento, bem como dos sentimentos. Nesse sentido, tal expressão é tida como objeto próprio da estilística.


Poética: O termo “poética” refere-se a toda teoria literária da literatura e às normas seguidas por uma escola literária.


Semiótica: Semiótica é a ciência que estuda os signos, isto é, os fenômenos da significação. Entre seus principais sistematizadores estão: Peirce, Barthes e Greimas.


Filosofia da Linguagem: Consiste num dos ramos da filosofia que estuda  a essência e natureza dos fenômenos lingüísticos.



Fonte:

Minhas anotações em sala

Dicionário Enciclopédico das Ciências da Linguagem - Oswald Ducrot e Tzetan Todorov
Descrever uma língua é descrever o conjunto das escolhas que aquele que a fala pode fazer e aquele que a compreende pode reconhecer.

Estas escolhas são divididas em dois tipos: as da primeira articulação (monemas) e as da segunda articulação (fonemas).
Assim, as frases e palavras se constituem a partir da articulação de elementos significantes mínimos, e estes, por sua vez, são constituídos a partir da articulação de elementos não significantes (os fonemas).
Pode-se dizer que a dupla articulação é uma das características que distinguem a linguagem dos sistemas de comunicação de outras espécies.

Fontes:

Minhas anotações em sala

Dicionário Enciclopédico das Ciências da Linguagem - Oswald Ducrot e Tzetan Todorov