quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Componentes da descrição lingüística

Tomando como base a tradição ocidental, pode-se dizer que há três grandes tópicos de trabalho quando se analisa uma língua. São elas:

1) Os meios naturais de expressão (fala/escrita)

2) A Gramática, decomposta em:

2a.) A Morfologia (Apresenta um visão atomista, ou seja, considera as palavras independentemente das relações que estabelecem entre os termos da frase).
2b.) A Sintaxe (Diz respeito à combinação das palavras na frase, abordando também a quetão da ordem das palavras, fenômenos de Recção, dentre outras coisas).

3) O dicionário (Indica o(s) sentido(s) das palavras – Semântica)

No entanto, a distribuição supracitada foi alvo de críticas ao longo do desenvolvimento da Linguística no século XX. Argumentava-se que a palavra estaria perdendo o status de unidade significativa fundamental; o fato de se colocar no mesmo plano as regras/regularidades impostas pela língua e as opções que ela lhe propõe; a transferência da semântica para dicionário ocasionaria uma interpretação errônea sobre o que seria, de fato, uma descrição semântica, reduzindo-a, assim, a um trabalho apenas de caracterização das unidades significativas, não considerando as relações construídas entre os elementos/termos da língua.
Do ponto de vista da Glossemática, esta atenção exacerbada às palavras é inadmissível, pois considera que as unidades da língua devem ser analisadas enquanto termos que estabelecem relações (intrínsecas e extrínsecas), levando em conta as unidades de conteúdo e as unidades de expressão. Um outro argumento utilizado pelos glossemáticos é o de que a palavra é constituída de um conceito e de uma sequência  fonética.

Na próxima postagem, trataremos, de forma mais ampla, deste tipo de descrição lingüística, bem como, de outros conceitos envolvidos na temática proposta.