quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Análise Sociolinguística: Chico Bento e seu “minerês”


Alline Rufo
Andressa Zacarias
Francimeire Leme
Geovana Chiari
Monique Amaral



ANÁLISE

Apresentaremos como corpus de análise uma tirinha das histórias de Chico Bento, escrito por Maurício de Souza. Alteramos seu conteúdo regionalista segundo elementos da linguagem típica mineira e abordaremos aspectos da Sociolinguística justificando seu emprego.

Versão original:


            

Versão adaptada:

                            


“Postula-se a existência de duas entidades separadas, linguagem e sociedade (ou cultura, etc.), e estuda-se uma através da outra. Toma-se um dos termos como causa e o outro como efeito, e estuda-se o efeito com vistas a um conhecimento de causa ou inversamente, conforme um ou outro se preste melhor a uma análise rigorosa.”

A Sociolinguística é uma ciência que estuda a linguagem em seu contexto social, analisando assim os falares das pessoas de determinada região e contexto social.


“esta ciência linguística focaliza não apenas pessoas que falam a mesma língua, mas que se relacionam e que orientam seu comportamento verbal por um conjunto de regras pré-definidas.”


A partir de dados sociolinguísticos, fizemos uma adaptação de uma tirinha de Chico Bento, em que o personagem faz uso de uma variedade linguística própria do interior, caipira, mas de forma exagerada e marcada, construindo, de certa forma, um preconceito linguístico, visto que, a partir da fala exagerada do personagem, cria-se um imaginário das pessoas que vivem no interior, supondo-se, assim, que a fala de todas elas sejam marcadas de tal forma.

“(...) o objetivo da sociolinguística é o estudo da língua falada, observada, descrita e analisada em seu contexto social, isto é, em situações reais de uso. Seu ponto de partida é a comunidade linguística, um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas com respeito aos usos linguísticos.”

Neste sentido, adaptamos a tirinha utilizando outros falares, no caso, o minerês, mas levando-se em consideração a real fala destes, isto é, analisando o meio social/cultural que se encontram, de modo a supor e observar um indivíduo dessa localidade.
Pode-se observar que sujeitos da região sul de Minas Gerais, e talvez seja possível afirmar que, em geral, falam com economia de palavras, utilizando-se de marcas regionalistas (uai, uai sô) e de junturas na fala (quitem, cuámin). Tais junturas/supressões, conhecidas também como haplologias, são bastante acentuadas no linguajar mineiro.
Vê-se que a preferência do falante não se dá ao acaso, uma vez que está relacionada a diversos fatores, como: à prosódia, ao contexto fonológico, à regra de eufonia por reestruturar sílabas de sons iguais ou parecidos, facilitando a pronúncia; à economia linguística por eliminar a redundância sonora e ao contexto social no qual o falante se insere por ser um estilo de fala de sua comunidade e de suas condições sociais.
Verifica-se que, por ser muito freqüente no dialeto do mineiro, a haplologia pode ser considerada uma das marcas do sotaque peculiar dos falantes nascidos no estado de Minas Gerais.
De acordo com um estudo sobre “A HAPLOLOGIA NO PORTUGUÊS DE BELO HORIZONTE”, realizado por REGINA MARIA GONÇALVES MENDES, nota-se que o fenômeno da haplologia ocorre mais frequentemente nos estilos de fala espontânea e informal.

Conclusão

Na sociedade convivemos com uma vasta variedade lingüística, derivadas das mais diversas razões. Estas variações, em especial na língua falada, demonstram o quão não homogenia é a língua . O preconceito lingüístico pode surgir por estas variações estarem diretamente ligadas a razões extralingüísticas, social, histórico, geográfico, etc. Ao entender a relações entre as variações lingüísticas, torna-se possível entender a sociedade. A língua é a materialização das relações sociais e, por isto, é de extrema importância olhar para ela e para seus fenômenos a partir desta perspectiva Social-Linguística. 



Referências:

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/LinguaPortuguesa/dissertacoes/Haplologia_BHorizonte.pdf

2 comentários:

Regimari disse...

Gostei do trabalho que vocês fizeram. Sou a autora da dissertação de mestrado " A Haplologia no Português de Belo Horizonte" que você fez referência colocando o link onde ela se encontra. Precisamos trabalhar a variação linguística na sala de aula.

Parabéns,

Regina Maria

Geovana disse...

Olá, Regina! Muito obrigada, que bom que gostou!
Interesso-me bastante pela questão de Variação Linguística e, realmente, precisa ser trabalhada na escola!

Abraços,

Geovana Chiari.